quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Uma nova família, ou apenas conceitos?

 As grandes transformações ocorridas no mundo através da globalização alcançaram, como nunca se percebeu antes, a mais antiga das instituições sociais: a família. Hoje, ao lado de temas como diversidade de gênero, há que se pensar em como conviver da melhor forma possível com as novas configurações familiares que atingirão, em cheio, o nosso convívio futuro com uma sociedade bem diferente daquela que nossos pais nos ensinaram e contaram em suas histórias. E mais do que isso: em que medida esses novos “arranjos” alteram a verdadeira importância da família, se é que atingem.
O modelo de família tradicionalmente aceito - e mais comum até pouco tempo - em culturas como a brasileira é o patriarcal, uma herança conservadora do período colonial, no nosso caso. Nessa concepção, a figura paterna é o centro da família, atuando como provedor do lar ao lado da esposa servil e dos filhos oriundos dessa união congênita. Contudo, a nossa realidade hoje é outra.
Atualmente, após o desenvolvimento e o crescimento da globalização, a estrutura familiar também mudou e, agora, é mais abrangente. Além da configuração tradicional, existem outras diversas possibilidades, como famílias chefiadas apenas por mulheres, famílias reconstituídas após o divórcio ou viuvez, casais homossexuais com filhos, famílias em que o pai possui a guarda dos filhos, casais sem filhos, famílias com filhos adotivos, famílias de mães solteiras com filhos oriundos de inseminação artificial, entre outros. São tantas as possibilidades que chegamos a nos questionar se o contexto de família é mutável ou adaptável. Contudo, nossa mente refreia-se nesse sentido, pois é algo que nunca aconteceu antes de maneira tão impactante.
Entre as diferentes acepções possíveis, a definição de família como um “grupo de pessoas unidas por convicções ou interesses”, encontrada no Dicionário Houaiss, que pode nos  levar à conclusão de que a instituição familiar se estende aos demais segmentos da sociedade. Destarte, podemos falar na família da escola, na família da igreja, na família do trabalho e assim por diante. O critério, então, para se considerar um grupo de pessoas uma família, seria a união voluntária entre os membros, o que pressupõe a colaboração e o respeito mútuo.
               No entanto, Os tempos mudam e as definições também. A língua evolui no dia-a-dia. E alguns dicionários tentando acompanhar a atualização das coisas já trazem definições mais abrangentes da palavra casal que há muito tempo era consenso ser entre sexos opostos, atualmente, como é o caso das edições mais recentes do Caldas Aulete, do Houaiss (na versão impressa, o de tamanho maior) e do Priberam (este de Portugal) admitir que tudo pode ser considerado casal.

Veja este exemplo do Caldas Aulete on-line:
" 2. P.ext. Par formado por duas pessoas que mantêm relação amorosa".

Do Priberam:
"3. Conjunto de duas pessoas que têm relação sentimental e/ou sexual"

Do Houaiss:
"3.2. p.ext. qulalquer par de pessoas cuja relação é amorosa e/ou sexual".

O que intriga é o preconceito que aparentemente fica no ar se não admitirmos, sob essa ótica, que determinados “arranjos familiares” -não muito novos- detém o direito de considerar-se uma Família de fato, não apenas pelo termo mas pelo que representa para a sociedade e gerações futuras.
Sem empregarmos um novo olhar holístico e cauteloso, fica um vácuo incisivo de que não mais importa, por exemplo, se os pais são apenas a mãe, ou o pai, ou se são dois pais ou duas mães, um tio, uma tia, um avô, uma avô, enfim, quem serão então os Pais nesta atual concepção de Família, se é que nesse “arranjo familiar” é possível em todas as circunstâncias Reconhecê-los como Pais ou apenas tutores, guardiães. E outro vácuo que fica é que me parece que tais tutores serão chamados de pais apenas porque realmente o que parecem querer provar é que os tais merecem o título com função de premio e não de desejarem ser Pais, na literalidade do conceito.
Está em alta um conceito de amor que parece não ser “O” Amor Paterno ao qual estamos acostumados; que oferecia proteção, mas disciplinava com direito e pessoalidade.
 Contudo, o que se revela neste novo conceito de Família é fraqueza quanto a proteger de influências externas àqueles que nos reconhecem como abrigo, diretriz e bússola, como o motivo para sermos filhos, pais e avós melhores do que os que já tivemos, com cuidado mútuo que formaram cidadãos socialmente engajados em busca do bem comum e não de uma minoria.
O fato é que ter uma família não significa ser uma família, antes de qualquer outra coisa, significa sentir-se amado, seguro em meio a tantas atrocidades do mundo moderno. É reconhecer o nosso porto seguro quanto as mudanças traiçoeiras da sociedade. É um ponto de recarga, nosso alicerce que nos edifica para enfrentar qualquer desafio sem temer desmoronar de uma hora para outra. É ter a satisfação de saber que, após um dia difícil, haverá um local aonde ir, pois mesmo que esse local não seja o mais tranquilo e confortável, é sempre o melhor lugar do mundo porque lá estão nossos destinos, motivos e herança: Nossa família, princípios e legado.
Está surgindo, de fato, uma nova família brasileira. Mas que independentemente da sua constituição e diferenças, que seus membros não abandonem sua real Missão que é ser a base no crescimento e na construção de um mundo sem preconceitos e desigualdades sociais que se baseiem no bem comum e na verdade. O que significa que independente das Crenças, Fés, Religiões, Intelectualidade, Partido Político e Status Social, Haja a consciência de que ser Pai é um dom e formar família é uma consequência dele. “Agora permanecem estes três: a Fé, a Esperança e o Amor, mas o maior deles é o Amor. (1Coríntios 13:13)
Deus continue nos abençoando!



Fonte(s):
http://aulete.uol.com.br/site.php?mdl=au…
http://www.priberam.pt/DLPO/default.aspx…
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva/ Houaiss, 2009.

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